Parte 1: O Silêncio das Salas de Aula

Era setembro de 2025 quando o último professor humano desligou as luzes da escola pública Antônio Vieira, em Salvador. A sala, antes viva com debates, rabiscos e perguntas apressadas, agora era só silêncio. No lugar dele, como em todas as escolas do país, entrou um robô da série EDU-X300, capaz de lecionar qualquer conteúdo com precisão cirúrgica, sem pausas, sem erros, sem cansaço. Os pais aplaudiram. Os governos economizaram. E os alunos… se calaram.

Os robôs ensinavam por tela, em falas rápidas e monótonas. Avaliações eram algoritmizadas. Erros não eram debatidos, apenas computados. Nada de improviso, de risada no meio da aula, de desvio de assunto que levava a uma descoberta inesperada. Só entrega de conteúdo, como fábrica.

Enquanto isso, os professores humanos que insistiam em ensinar, aqueles que não aceitaram a aposentadoria forçada ou a reconversão para outros setores, encontraram abrigo em condomínios de luxo. Lá, famílias milionárias contratavam “tutores-residentes” — mestres particulares que moravam nas casas dos ricos, como no século 18, quando os senhores feudais traziam intelectuais para educar seus herdeiros em filosofia, música e latim.

Os professores viraram artigos de luxo.

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